quarta-feira, 19 de outubro de 2011

verme e financeiro de elite


O verme parasita a alma dos inocentes e o gozo é mais do que o riso, que se ouve do lado de fora, no lado de cá, na rua que ainda pertence aos inocentes, aos aldrabados. O riso é sem vergonha. O gozo denuncia o verme e ele veste-se de financeiro de elite. Corre as persianas de metal fino, desce ao carro blindado e guarda o riso. O verme disfarçado dá instruções ao motorista e segue na avenida financeira, cada vez mais depressa. Dá-se conta dos inocentes a desaparecerem nas margens da avenida. Dá-se conta e rala-se nada. Mais depressa vai e não conhece fronteiras. Bebe, não fuma e etc. Sobe à central financeira, ao último piso. Agora não passam aviões. Dá-se de novo ao riso e, mais tarde, outra vez ao gozo. Descerá depois ao carro blindado e subirá ao piso de elite. E descerá e subirá, gozando e rindo. Assim, até ao juízo final. 
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Imagem: Luboff and Doves, de Max Sauco

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