O verme parasita
a alma dos inocentes e o gozo é mais do que o riso, que se ouve do lado de
fora, no lado de cá, na rua que ainda pertence aos inocentes, aos aldrabados. O
riso é sem vergonha. O gozo denuncia o verme e ele veste-se de financeiro de
elite. Corre as persianas de metal fino, desce ao carro blindado e guarda o
riso. O verme disfarçado dá instruções ao motorista e segue na avenida
financeira, cada vez mais depressa. Dá-se conta dos inocentes a desaparecerem
nas margens da avenida. Dá-se conta e rala-se nada. Mais depressa vai e não
conhece fronteiras. Bebe, não fuma e etc. Sobe à central financeira, ao último
piso. Agora não passam aviões. Dá-se de novo ao riso e, mais tarde, outra vez
ao gozo. Descerá depois ao carro blindado e subirá ao piso de elite. E descerá
e subirá, gozando e rindo. Assim, até ao juízo final.
*
Imagem: Luboff and Doves, de Max Sauco
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