A crente esteve
sentada, e depois ajoelhada, na coxia, numa das fileiras de bancos quase diante
da cruz central da igreja. Enquanto rezou deixou pousado no banquinho em frente
o embrulho com o bolo-rei da pastelaria Suíça. A uns metros da imponente cruz, para
a sua esquerda, a imagem de um Cristo, colorido, redentor e com auréola. No
tempo que ali se demorou, notava-se que a devoção era maior do que tudo. Era um
tempo largo, sem contratempo, a não ser, talvez, a pressa feliz de levar o
bolo-rei para casa e colocá-lo no centro da mesa, rodeado de pinhões, sultanas,
rabanadas e aletria. A devota acabou a sua oração. Levantou-se, pegou no embrulho
da pastelaria Suíça, deu uns passos para a sua direita, colocando-se bem diante
da imagem de Cristo, e ajoelhou-se de novo, benzendo-se. Menorizou a cruz
central. Havendo uma e outra, preferiu o homem.
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