segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

natividade e representação


A crente esteve sentada, e depois ajoelhada, na coxia, numa das fileiras de bancos quase diante da cruz central da igreja. Enquanto rezou deixou pousado no banquinho em frente o embrulho com o bolo-rei da pastelaria Suíça. A uns metros da imponente cruz, para a sua esquerda, a imagem de um Cristo, colorido, redentor e com auréola. No tempo que ali se demorou, notava-se que a devoção era maior do que tudo. Era um tempo largo, sem contratempo, a não ser, talvez, a pressa feliz de levar o bolo-rei para casa e colocá-lo no centro da mesa, rodeado de pinhões, sultanas, rabanadas e aletria. A devota acabou a sua oração. Levantou-se, pegou no embrulho da pastelaria Suíça, deu uns passos para a sua direita, colocando-se bem diante da imagem de Cristo, e ajoelhou-se de novo, benzendo-se. Menorizou a cruz central. Havendo uma e outra, preferiu o homem. 

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