Quando muita
coisa falha e a justiça fica escondida por vontade das ganâncias, e dá-se a
parecer que o teatro é um luxo que alguns teimam em manter com os seus brilhos
vindos da arte de ensaiar e transfigurar a vida, vem-me a lembrança de Epidauro e
a necessidade de lhe honrar a presença e não só a arquitectura, mas, sobretudo,
a gentileza de um encontro entre almas apaixonadas pela natureza dos mundos, os
que ainda conseguimos viver e os que andam além das nossas ilusões. A
responsabilidade de manter vivo esse lume é de todos nós, os que se interessam
por inventar outras almas e histórias e os que anseiam por visitar os lugares
onde podem desfrutar das invenções. Epidauro, todo o teatro, é a presença da
humanidade. Irreparável seria se houvesse esquecimento, sequer a tentação de
pensar que poderia ser esquecido. Simplesmente, já não será possível.
Continuemos, então, o luxo de Epidauro.
*
Imagem: Epidauro (foto: autoria desconhecida)
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