Estão com o tremer das línguas, as falas paradas e a perturbação dos ossos, e não sabem como visitar a infância. Ficam-se a olhar as janelas esperando que o jardim traga as brincadeiras e mordem uma ou outra lembrança dos vidros que tantas vezes foram a cortina para o mundo. Eles vêm do futuro, chegaram atrasados, e a casa já não pode contar-lhes nada. Agora é abrigo de pássaros, uns mais ligeiros do que o vento e por isso desinquietando o pó das traves, que rebrilha enquanto cai, muito depois da passagem das asas. Rolam os olhos no voo dos pássaros, e é tudo.
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Imagem: foto (detalhe) de Luís Vasco
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