EVA
a sombra dela no branco da parede
inteiramente nua
eva é ave insinuada onde há cal
sei que é porque está lá
não assustada com a voz
mas com estes dedos
que lhe escrevem a nudez e depois a plumagem
assim
é muito fácil que eva seja ave
A VIDA JAPONESA NA CALÇADA DE LISBOA
vi inteiramente nua vi um pedaço de Japão
uma bandeirinha de sol pôr de sol nascente é sempre
uma e outra coisa um regaço de mundo o colo
os lagos Kyoto e a beleza
quando se vê uma bandeirinha do Japão numa calçada de Lisboa
olha-se e pensa-se olha uma bandeirinha do Japão
papelinho de não sei de quê delicadamente na rua
inteiramente nua a vida japonesa
EMBORA SENDO TU NÃO ÉS DA MINHA NATUREZA
ele disse esta manhã
neva no coração no teu mistério
e agora?
não há acordo disse ela
eu sou
da mesma natureza que os pássaros que conheço
os do quintal os do bico vermelho
os que vêm bicar as cerejas
e se sou da mesma natureza
vou partir de novo porque antes de aqui chegar
parti de outro lugar
agora vejo disse ele
o teu coração andou para um rosa diferente
e afastaram-se
primeiro ele
depois ela
Gostei muito.
ResponderEliminarobrigado, helena.
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